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sábado, 17 de setembro de 2016

Não estou me adaptando

Escovar os dentes no final do dia pode ser uma hora muito ingrata. Ao meio dos movimentos circulares, entre molares, caninos e sisos um ponto prateado surge no meio da cabeça, aproximo pra tirar a possível sujeira e eis que aquele pequeno invasor prateado era mais que uma intruso. Tratava-se de um marco. Sim, um marco de que já lá vão quase três décadas de existência. A principio pensei “mais um”, mas conforme os dentes ia escovando o prateado ganhava mais relevância e junto a ele fui percebendo marcas no rosto, olheiras e vincos.

Mas como assim, quando vocês chegaram ai? Um susto e a cara, agora com barba e bigode, aparenta mais ser um estranho do que eu mesmo.

Meu Deus quando foi a última vez que me olhei?

Meu Deus quanto tempo passou?

Olha ali ainda tem aquela marca de catapora. Quantos anos eu tinha?

Acho que uns oito! Foi legal, apesar de coçar um monte, faltei vários dias de aula e depois que fiquei bom ainda era feriado de semana santa, eu assisti todos os desenhos que queria.

Ah! mas se olhar bem ali em cima do lábio e embaixo do nariz ainda tem aquela cicatriz de quando quebrei meu braço. Verdade, são poucas as pessoas que ao quebrarem o braço aos seis anos e também ganham cicatrizes na boca.

É cada marquinha dessas parece ter uma história!

Será que dá pra voltar? O que eu faria de diferente? Será que eu faria algo diferente? Acho que todo mundo pergunta isso!

Um dia desses li que um astronauta havia sido o primeiro homem a viajar no tempo. Por uma questão de velocidade em relação a órbita da terra ele havia adiantado alguns instantes da sua idade. Estranho né?

Enquanto os cientistas se esforçam para que a teoria possa se tornar prática e o homem poder brincar no tempo, hoje meu espelho me levou ao passado e me contou várias histórias. Então do pequeno susto, pra não dizer uma quase neurose de que “MEU DEUS ESTOU FICANDO VELHO” ao olha tenho muitas histórias pra contar, só testifico que estou ficando velho.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Uma pessoa feita de dois


Era um pedaço de gente
remoído, remontado, recortado,
sai pelo mundo
Em busca de algo que o contente...

Respirou
Meditou
pensou
e no meio da multidão avistou

era aquilo que ele queria?
Era e estava lá o tempo todo
mas com medo,
era ele quem se escondia

depois de tanto sofrer
resolveu parar de se esconder.
Abriu a porta
pra ver o que podia acontecer

Agora, que há poesia
Um respira,outro inspira,
A metade da maçã, da laranja
e tudo aquilo que o preenchia

um abraço que se conecta
lá estava o sorriso de farol
o abraço de cais
em uma harmonia completa.


domingo, 24 de janeiro de 2016

Que a vida seja leve


Há uma saída para a espiral da burrada. A vida não foi feita para ser embrulhada o tempo todo e uma hora, como Guimarães Rosa diz, ela sossega.

Às vezes a gente coloca tanto peso numa coisa só, que se aquilo não anda do jeito que a gente quer, parece que todo o resto da vida tá errado. Não é assim né?

Tem horas que é preciso olhar de um plano geral e ver que no meio de um monte de burrada tem alguma coisa boa acontecendo. E tem mais, há coisas que só vamos perceber depois de um tempo, o que nos leva a entender que não adianta ficar criando pandemônios nas nossas vidas, tem que levar na certeza de que uns momentos vão ser bons e outros não e tudo isso faz parte desse negócio chamado vida.

Sim e o que queres dizer com isso?

Que tanto os momentos não bons quanto os bons são necessários, em ambos os casos a gente aprende coisas. E nesse ultimo complicado ano, sabe o que aprendi? carma existe! Não há como não fazer burrada e depois delas feitas, definitivamente não há como fugir das consequências ( que chamo de carma ). Sim, a culpa também é nossa!

E eu devo me sentir mais culpado?

Não. Só acho que quando a gente aprende isso fica mais fácil de encontrar onde foram as burradas e tentar limpar o carma. Ora, se fiz uma besteira ( desde que não seja o suicídio ~exagero~) sempre tem um jeitinho de resolver. Um pedido de desculpa, por exemplo, é um bom começo. Tão simples, mas tão custoso. Reconhecer o erro nunca é fácil, mas é necessário.

Sei que no final das contas, vida vai e segue e se a gente não aprender a dizer o famoso “Não! Me desculpa, eu errei” vão ficando nós na vida que só tendem a aumentar. É uma bola de neve. Aliais, tão importante quanto reconhecer o erro e pedir desculpas, é aceitá-las. O que não quer dizer esquecer, mas entender que os outros, assim como nós, fazem burradas. Todo mundo faz besteira!

Foi difícil, mas também foi bacana aprender isso. Ajudou a desfazer uns nós passados, resolver uns problemas do presente e viver bem o dia a dia. O que não dá, definitivamente, é corrigir erros com novos erros. É só pedir desculpa e aceitá-las.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Coração besta


Um grito preso
um copo vazio
um dedo queimado
sentimento preso

tudo enrolado,
mas preciso falar
gritar,
sei lá.

coração besta,
coração que não tem boca.
mas se engasga 
com as topadas que o pé dá.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A pulga e o cotovelo

Quando eu nasci foi me dado uma pulga.
Não sei ao certo quem me deu,
Mas era uma pulga.
Atrevida como toda pulga,
construiu um sobrado atrás da minha orelha.

Desde muito pequeno qualquer coisa fazia ela se mover
e um incomodo era inevitável.
De tão incomodado que as vezes ficava,
sempre me justificava:
Desculpa, tenho uma pulga atrás da orelha.

Na adolescência, quando as coisas ficam mais inconstante.
Uma vez um sorriso e um abraço sacudiram a pobre da pulga,
ela ficou nervosa, andou de um lado para o outro incessantemente.
Que agonia, senti naquele dia.

E na volta pra casa,
aquela pulga que não cansava.
E de tanto andar e me incomodar
me fez cair.

Um baita de um tombão
De cotovelos no chão.
Um dor que não vou esquecer,
pensei: um sorriso, um abraço
uma pulga atrás da orelha e o resultado :
dor de cotovelo.

Agora tenho dois problemas:
um pulga que nunca saiu de trás da minha orelha
e um cotovelo, que pensou tá curado,
mas hora ou outra lembra que tá machucado.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Preferi cansar mais uma vez


"Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem", Caio Fernando de Abreu.

Não pode desistir. Tem que lutar. Não pode se entregar. Desistência é pra os fracos. Lutar até o fim. Eu sou brasileiro e não desisto nunca. Essa última foi o mote usado para “resgatar a auto estima” do brasileiro em uma campanha publicitária de 2004, lançada pela Associação Brasileira de Anunciantes que inclusive contou com discurso do Lula, que era presidente na altura.

Maldita publicidade.

Prefiro Caio Fernando. Desistir não é sinal de fraqueza, ao contrário requer muita coragem. Desistir é largar de mão o que a gente investiu esforço, mas não resultou em nada. Desistir além de abandonar também pode significar simplesmente mudar de planos.

Há coisas que a gente se esforça, dedica tempo, faz e tenta, tenta e tenta fazer acontecer, mas não acontece. Acho que nada nessa vida depende unicamente da gente, tudo requer um outro e às vezes, simplesmente não acontece. Ai, lutar? Brigar? Demandar mais tempo? Acho que não, né? Melhor é desistir.

O problema é que ao longo de desistências os processos vão se automatizando e desistir vai ficando cada vez mais fácil. Acho que isso é um problema. Penso sempre: de novo. Será que só acontece comigo? Ajuda se souber que acontece com todo mundo, endurecer só é muito ruim. EGOÍSMO!

Sim é egoísmo.

Mas fazer o que? Ser altruísta (com licença da palavra) não tem funcionado, pelo contrário, tem atrapalhado e atrapalhado muito. Não que haja arrependimento, mas acho que deve haver uma pitada de egoísmo.

Esforços... não sei até quando e quanto serão possíveis, mas vou tentando e pra já talvez mais uma desistência, algumas ausências, pouca paciência e muitas demências. 



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A espiral da burrada

Sabe aqueles dias em que você acha que o problema é você? Deixa eu te falar uma cosia: sim é você.  Esse não é um questionamento que surge do nada. Ele normalmente é a ultima tentativa de explicar uma sequência  de quase que intermináveis e recorrentes erros. Mas não se espante! Todo mundo tá na mesma.

Sim. Ta todo mundo na mesma!

E essa é mais uma tentativa de amenizar o nosso problema. É aquele do não distante inicio do texto. Mas enfim, vamos para a tentativa de argumentação que não vai servir de muitas coisa, mas se faz necessária, ao menos pra mim.
Há texto do Guimarães Rosa, que tá no livro “O grande sertão: veredas” que diz o seguinte:

Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. 

Pois é. Nessa fase a gente tá nos dias que tudo embrulha e nada tá certo. Trabalho? Deu ruim!amigos? Não tão dando conta! Família? Aquela confusão de sempre! Projetos? Nem sei direito por onde vão! Vida sentimental? Ahn que isso!

e o resumo da opera é este: Tá tudo errado e de ponta a cabeça. Há cerca de dois meses quando tudo estava pior, sim estava pior, fiz um exercício. Coloquei todos os meus problemas, ou ao menos os que eu julgava serem problemas porque a gente nunca sabe direito onde eles estão, numa folha de papel. Coloquei-os lá aleatoriamente conforme vinham à cabeça e  depois os numerei segundo o grau de importância que eu tava dando naquele momento pra cada. Surpresa. O que mais estava me neurando era o ultimo da lista. Estratégias do subconsciente? Pode ser, mas ajudou e depois uns dias de batalha de batalhas mentais fiquei com nove problemas, porque ele era o décimo.

Eliminei um problema. Que vitória. Agora tenho nove problemas. Continuo com nove problemas. Passaram dois meses. Tenho nove problemas. Ainda tenho nove problemas. Que merda nove malditos problema. Sou um fracasso!

A vida embrulhou de novo sem ter desembrulhado completamente. E acredite esse não é a pior parte. O texto começou com a palavra recorrente e não foi à toa. Erros são recorrentes, alguns mais que outros, alguns demoram a passar, outros demoram a reaparecer, uns somem que a gente nem percebe e alguns a gente já até aceitou, mas o fato, a verdade e o que é definitivo é  eles sempre voltam. 

Se não bastassem nove problemas, acho que ganhei mais um de novo. Dez problemas e o décimo agora é muito mais complexo: a recorrência dos problemas. 

Meu décimo problema foi perceber é que sempre caio nos mesmos problemas, ou seja, o problema tá em mim. Simples assim. Me livrei de um problema e então de repente, do nada e espontaneamente, eu vou atrás do mesmo problema programadamente, conscientemente e planejadamente de acordo com toda a loucura que cabe dentro de mim.

Devia ter avisado no início do texto que seria um desabafo, ou seja, não chegaremos em conclusão nenhuma. Agora avisados, voltemos...

A gente vai, volta, vive a vida e segue os dias, mas parece que nada tem cor, nada tá no lugar certo e como diria Guimarães “tudo tá embrulhado”. Mas o que fazer? Ninguém sabe! Acho que é por isso que a gente recorre aos recorrentes erros, talvez seja uma tentativa de dar fôlego novo pra vida. 

Tenho a impressão que talvez esse seja o lance. Ora, erra não é humano? Talvez esses erros constantes, espódicos e insuportáveis burradas que a gente insiste em recorrer em horas de embrulhamentos de vida sejam o que nos tornam mais humanos. DEUS, que bobagem! Não pode ser isso. Parei, preciso de um analista! Tchau.

Ps. Não ouça a música, pela atenção obrigado!