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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um ano depois...

Fiz essa foto na semana que cheguei em Braga. Hoje, um ano depois, descobrir que ela é um trecho que um famoso poema português. E não por coincidência eu continuo a tropeçar de ternura por Braga.



Um adeus português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual


Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti



ALEXANDRE O'NEILL
No Reino da Dinamarca (1958)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Necrológio dos desiludidos do amor



Os desiludidos do amor 
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.

Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia.

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e segunda classe).

Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 20 de outubro de 2012

Devendra Banhart



Folk psicodélico, disse-me o Wikipédia sobre Devendra Banhart. Só podíamos esperar um estilo totalmente diferente quando se fala de uma pessoa que nasce nos Estados Unidos e é criada na Venezuela, esse é o “típico” histórico de vida que leva uma pessoa a ser considerada, hoje, como um dos artistas mais importante do movimento New Weird America.

Loucuras a parte, Devendra já possui uma carreira artística com mais de 10 anos, que começa com o lançamento, em 2002, do albúm The Charles C. Leary. Nota-se claramente que, mesmo mantendo o estilo, os oito álbuns e os sete EP's possuem características especificas, uma visível evolução na produção musical e uma encantadora evolução na produção visual.

Vale muito conhecer esse cantor. Além de já ter muita coisa produzida, promete continuar ativo na criatividade Weird. Algumas das minhas música prediletas:






* Fotos  GI

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dia das crianças com gosto de saudade


23 anos, um ano longe de casa e muita saudade. Dia 12 de Outubro, comemora-se no Brasil o dia das crianças, nesse período as pessoas costumam colocar suas fotos da infância no Facebook. E o resultado é : UMA NOSTALGIA. Esse é o meu sentimento.

Agora eu to aqui cheio de saudades do abraço da minha mãe, dos almoços com meu pai e, acredite, até do Rangel. Domingos de manhã: vamos comer tapioquinha e cuscuz em mosqueiro. A vida da umas voltas tão loucas, é uma grande sequência de loopings alucinantes e a saudade, como resultado, são os enjoos que a gente vai sentindo ao longo do caminho.

Fotos da infância, semana do círio e tudo mais feito, como que de propósito, para me fazer sentir saudade de Belém do Pará e quem lá está. Foi por isso que lembrei-me de dois trechos de Guimarães Rosa, que me acalmam pois lembro que a saudade é resultado da distancia de um grande amor, e o que era para ser triste, fica feliz por saber que HÁ um grande amor.

“Saudade é ser, depois de ter”
“O amor é sede depois de se ter bem bebido”

Longe de casa, longe dos melhores anos da vida, longes das pessoas que amo e tão longe. Nostalgia. Tão longe e tão cheio de amores, minha vida é linda pois sei que meu coração ainda está pertinho, mas mesmo assim continuo a me perguntar:

Onde é que eu fui parar?
Aonde é esse aqui?
Não dá mais pra voltar
Por que eu fiquei tão longe?
Longe....



quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um ano longe de casa

Meu Deus. Um ano. Mal sei como começar a escrever. Hoje, 03 de outubro, faz um ano que cheguei em Portugal. Pensei várias vezes sobre o que iria escrever, para que de alguma forma esse dia fose  registrado, mas, agora, aqui na frente do computador, falta-me razão para sistematizar um mundo de sentimentos.

O que posso dizer e afirmar com toda a racionalidade do mundo é que muita coisa mudou. Fiz amigos, aprendi muita coisa, pensei, li, amadureci e passei a perceber um monte de coisas de uma forma totalmente diferente. Sair de casa é como fazer um intensivo de vida, é perceber nitidamente  como mudamos em tão pouco tempo. Todas as coisas são mais intensas, tudo é sim ou não, ao menos para mim – que meio que sempre fui assim – que nunca lidei bem com os meios-termo.  

O saldo é positivo com louvor. Poucas foram as decepções e  até agora não vejo nenhuma frustação e tudo vai caminhando em uma velocidade frenética mais muito bem.

Das várias coisas que mudaram vou destacar algumas que vejo como grandes mudanças:

Família

A foto não é muito boa, mas foram nossas férias mais divertidas.

Sempre eles foram importante e cada um deles - até o Rangel, que é meu irmão – me fizeram falta todos os dias, mesmo tendo as nossas dose diárias de Skype, eu senti falta do estar perto, das discussões (que parecem cenas de uma série de comédia), dos almoços dos finais de semana e de toda a nossa rotina de estarmos juntos sempre. Olhar para eles de longe, foi como olhá-los com uma lupa, não uma lupa qualquer, mas uma lupa que aumenta tudo de bom que eles têm e mostra até os defeitos (defeitos que percebi que são postos por mim) como algo que os torna especiais e únicos. 

Percebi que sou uma pessoa de sorte por ter sido criado nessa família. Uma família muito diferente. Loucos por natureza, idealistas, sonhadores, utopistas (se é que essa palavra existe), amigos, parceiros e muito mais. Definitivamente tenho sorte e agora  de longe meu respeito e admiração por eles só cresce mais e mais.

Tenho uma mãe incrível, um pai maravilhoso e um irmão ok, são eles minha base, meu sustento e minha força. Mesmo aqui de longe, estamos sempre perto.   

Não poderia esquecer da minha TIA Samantha que é minha mãe/irmã espiritual, é uma pessoa que me faz uma falta tremenda e todas as vezes que falo com ela, por mais rápido que seja, faz-me um bem incrivel é como um remédio. Depois de conhecê-la, há mais de dez anos, descobri o significado de almas gêmeas, que é uma coisa de amor puro, de conexão inexplicável e é também graças à ela e suas orações tão preciosas e precisas que tenho forças.


Brasil-Pará- Belém

Olhar nosso país de fora é um exercício muito interessante. Percebo basicamente dois resultados, existe um terceiro que são aqueles que odeiam o Brasil e dizem que qualquer lugar do mundo é melhor, mas vou desconsiderá-los (não tenho paciência). O primeiro (considerável) é  o clássico oba oba  brasileiro, onde somos uma das maiores economias do mundo, que esse crescimento é magnifico para o Brasil, que seremos o país da copa e das olimpíadas e agora vai tudo muito bem. Esses normalmente pensam nosso como um grande potencial, que ele é, mas o mostram para o mundo – tal como os últimos governos tem feito – como se as coisas estivem muito boas a ponto de ser o paraíso.

A outra forma de ver, que é a minha  e não que eu precisasse dizer pois acho que deve estar claro, é a de olhar para o Brasil com todo o respeito pelos brasileiros que cada dia pagam mais caro para morarem em um lugar que não os respeita e não os dá as condições mínimas para viver de uma forma digna. 

Belém é o melhor lugar do mundo. Sem hipocrisias, acho que o povo de Belém não tem noção o quanto somos cosmopolita, é engraçado como os comportamentos mais estranhos não nos assustam, parece que já estamos familiarizados com todas as loucuras do mundo. O afastamento permite-nos olhar para o círio, para nossas músicas, nossas festas e todo o restante e ver sentido em tudo aquilo e perceber melhor a cagada cultural (só uma expressão paraense para explicar) que é nossa vida nessa cidade.

Para além disso tem nossa clássica saudade de tudo. Comidas, pessoas e até o clima as vezes faz falta.

Sonhos
Deus deixa eu morar aqui!

Sou uma pessoa que sonha continuamente. Acho que eles, os sonhos, são o motor da vida, quando nos permitimos sonhar, geramos a força de ir em frente, de desejar e de viver a vida. Nesse ultimo ano realizei meu grande sonho. Clichê, brega, cafona, seja o que for fui à Paris.

Era, é e será sempre minha viagem dos sonhos, e a fiz do jeitinho que eu imaginava. Fui aos pontos turísticos, andei até me perder, falei francês, comprei baguetes, croissants, churros e tudo mais, fiz até um Paris by night de moto e a sensação da Champs-Élysées toda iluminada com o arco do trinfo lá no fundo estará sempre na minha memória... Meu Deus obrigado.

Braga-Portugal

Das milhares de fotos selecionei a minha primeira vista de braga: o centro


Uma surpresa. Essa é minha definição para essa cidade e esse país. Confesso que nunca tinha pensado, nem eram planos vir para cá, mas depois que cheguei é uma surpresa diária  e uma paixão constante. 

A começar por Braga que é uma das cidade linda, acolhedora e apaixonante, cheia de sabores e cores únicas. Depois Portugal que consegue ser um país tão pequeno e tão diversos geograficamente e culturalmente, com pessoas diferentes no comportamento, mas simplesmente boas, prestativas e divertidas, que me encantam sempre.

Acho uma pena o brasileiros desconhecerem Portugal. Vir é uma oportunidade de conhecer esse país incrível e perceber um pouco melhor uma das nossas raízes culturais.

Finalizando... 

Só sei que tenho muita coisa para contar, mas acho que para já era isso. Um ano longe de casa não é fácil e  custa muito, mas tenho vivido essa experiência intensamente e todos os dias aprendido muita coisa. Agradeço ao meu Deus que é meu maior amigo e até aqui me ajudou, aos meus amigos que sempre me dão força via Facebook, Skype, Messenger e Google +.

 E pra finalizar, acho que o sentimento é esse mesmo de agradecimento e de esperança que tudo continue na mesma paz e que desafios maiores e melhores venham.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Feliz Só Será


Feliz só será
A alma que amar.

'Star alegre
E triste,
Perder-se a pensar,
Desejar
E recear
Suspensa em penar,
Saltar de prazer,
De aflição morrer —
Feliz só será
A alma que amar.  

Johann Wolfgang von Goethe


terça-feira, 28 de agosto de 2012

E por aí fui...



Ando por aí,
vivo o tempo,
aprendo coisas
e conheço gente.

Histórias de vida,
loucuras, amores
e coisas e tais.
Viver é conhecer.

Como deixar o lapís a correr,
a medida que o pensamento vem.
Eu ando por aí e conheço gente.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ain't Got No / I've Got Life



Ain't got no home, ain't got no shoes
Ain't got no money, ain't got no class
Ain't got no friends, ain't got no schooling
Ain't got no work, ain't got no job
Ain't got no money, no place to stay

Ain't got no father, ain't got no mother
Ain't got no children
Ain't got no sisters or brothers
Ain't got no earth, ain't got no faith
Ain't got no church, ain't got no God
Ain't got no love

Ain't got no why, no cigarettes
No clothes, no country
No class, no schooling
No friends, no nothing
Ain't got no God

Ain't got no earth, no water
No food, no home
I said I ain't got no clothes,no job
No nothing
Ain't got ...
And I ain't got no love

Oh, but what have I got?
Oh, what have I got?
Let me tell you what I got
And nobody's gonna take away
Unless I wanna

I got my hair, on my head
My brains, my ears
My eyes, my nose
And my mouth, I got my smile

My tongue, my chin
My neck, my boobs
My heart, my soul
And my back
I got my sex

I got my arms, my hands
My fingers, my legs
My feet, my toes
And my liver
Got my blood

I got life, I've got lives
I've got headaches, and toothaches,
And bad times too like you

I got my hair, my head
My brains, my ears
My eyes, my nose and my mouth
I got my smile and it's my smile

I got my tongue, my chin
My neck and my boobs
My heart, my soul
And my back
I got my sex

I got my arms, my hands
My fingers, my legs
My feet, my toes
Got my liver
Got my blood

I got life, I got my feet
I've got life

James Rado e Gerome Ragni
por Nina Simone

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sons de Portugal


Na minha missão de descobrir o velho mundo, cheguei a uma conclusão que considero muito bem constatada: Portugal é um mundo cheio de culturas e belezas que nós, os brasileiros, ainda não conhecemos.

Dentre os vários impactos que temos ao chegar aqui, o primeiro, que vou usar como gancho inicial desse fabuloso texto, é que os portugueses nos conhecem muito melhor do que nós sabemos deles. Ouvem nossas músicas (por vezes as piores), lêem nossos escritores, assistem as novelas e os filmes, em contrapartida, a última coisa que me lembro de estudar, foi a chegada da família real no Brasil. Esse nosso desconhecimento é a minha explicação para eles nos entenderem (ou perceberem como diriam cá em Portugal) e nós não a eles.

Para além da minha ignorância, nesse primeiro texto, de uma possível - possível pois posso ter preguiça pelo meio do caminho - sequência de posts sobre coisas de Portugal, falarei sobre música.

Como faço tudo escutando musica, resolvi conhecer a música da terra do tio Cabral, e descobri muita coisa legal. Depois da infame rima, continuo dizendo que a música portuguesa vai muito além do Fado, que eu também gosto muito, mas estou falando de música contemporânea, jovem e bem produzida. Dentre os vários, seleccionei dois artistas que tenho ouvido bastante e cantam em português:


Suzana Felix



Com cinco álbuns de estúdio, Suzana tem um estilo bem marcado no pop e uma voz bem delicada. Ela não canta o meu estilo predilecto de música, mas sem dúvida ela é tem excelentes composições e um admirável bom gosto na selecção de repertórios. Tem quase todas as músicas dela no Youtube e nas suas redes sociais:






Torranja


Esse grupo tem algumas características de que eu gosto muito, a voz forte do vocalista, Tiago Bettencourt, o estilo um tanto quanto alternativo das composições e uns videoclipes bem legais e dentro das tendências. São de fato minha, até então, banda portuguesa predilecta. Eles tem, até onde sei, dois álbuns e algumas das músicas estão no MySpace, não encontrei o canal no Youtube, mas na busca encontra-se muitas coisas.

Hoje acredito que o vocalista canta segue em carreira solo, ou está em outra banda, mas pelo visto mantem-se o estilo. As produções podem ser vistas nas redes sociais:


Esse são apenas dois, os meus predilectos, artistas da música portuguesas que, como já disse, tem inúmeros cantores que devem ser conhecidos.

Aqui tem uma dica de blog que coloca muita coisa boa: Musica Portuguesa

PsI. Os “c” extras nesse texto são fruto de uma autocorrecção de um computador comprado aqui.
PsII. Estou com preguiça e não vou tirar.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Foi assim: um dia acordei e estava velho


Sensação estranha essa de começar a perceber que estou ficando velho. Os anos da universidade já passaram e alguns gostos, brincadeiras e modos de perceber a vida já não fazem tanto sentido. O ensino médio e sua tão simples complexidade? Já foi-se há tempos.

Com amigos desse não tão passado, que na época eram inseparáveis e tinham conversas intermináveis, no  hoje,  as interações entre eles já começam pelo dialeto dos avós “naquele tempo". 

O pior de tudo é que quanto mais hoje torna-se ontem, mais a vida passa pelas duras, severas e chatas rédeas da responsabilidade.

Hoje, 09 de Março, falta um mês para o meu aniversário e evidentemente,  EU NÃO VOU ME ADAPTAR!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Solidão


Ó solidão! À noite, quando, estranho, 
Vagueio sem destino, pelas ruas, 
O mar todo é de pedra... E continuas. 
Todo o vento é poeira... E continuas. 
A Lua, fria, pesa... E continuas. 
Uma hora passa e outra... E continuas. 
Nas minhas mãos vazias continuas, 
No meu sexo indomável continuas, 
Na minha branca insónia continuas, 
Paro como quem foge. E continuas. 
Chamo por toda a gente. E continuas. 
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas. 
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas. 
Eterna, continuas... Mas sei por fim que sou do teu tamanho! 

Pedro Homem de Mello

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Inna Modja



Com apenas dois álbuns e 27 anos, Inna Modja, foi considerada a revelação da música francófona 2011. Ainda não tive oportunidade de ouvir os dois álbuns, até agora tive acesso somente ao segundo, no entanto, já me animei bastante. Algumas das música misturam inglês e francês, são bem animadas e ela tem um estilo muito peculiar.

Fugindo das rotas tradicionais de grandes lançamentos da música, Inna, vem da República de Mali, na Africa, onde desde a infância esteve envolvida com a música. Invejavelmente ela cresceu ao som de incríveis referencias musicais, tais como, Ray Charles, Ella Fitzgerald, Otis Redding e Sarah Vaughan.

Passando por vários estilos musicais e experimentando desde a infância, é somente após a universidade, que Inna opta pelo Pop Soul. Seu primeiro albúm, Everyday is a new world, lançado em 2009 ganha notoriedade, assim como a carreira da cantora, após uma apresentação em dueto com Joson Marz, na Fête de la musique.

Realmente me encantei com o estilo, a voz e o ritmo proposto pela cantora, são fortes e tem muitas possibilidades de adaptação. Sempre me animo com coisas que tem possibilidades comerciais e não são mal feitas. Conheça um pouco mais do trabalho dela nas suas redes sociais: Facebook, Youtube, Myspace e no seu site.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Piano

O músico procura
Fixar em cada verso
O cântico disperso
Na luz, na água e no vento.

Porém, luz, vento e água
Variam riso e mágoa,
De momento a momento.

E em vão a área dos dedos
Se eleva! Não traduz
Os súbitos segredos
Escondidos no vento,
Nas águas e na luz.

Pedro Homem de Melo


Minha paixão pelo piano vem desde sempre, nunca consegui tocar, mas sempre fui um exímio admirador da música. Quando tinha por volta dos 10 anos assisti um filme que marcou-me com uma das cenas mais fortes da minha vida. Não vou falar sobre ela para não comprometê-la, mas naquela época, pela minha pouca experiência, o filme resultou-se naquela cena.

Trata-se de um drama de 1993, que conta a história da pianista muda Ada McGrath. O filme passa-se na Nova Zelândia no início da sua colonização, onde a jovem escocesa vai após ter casamento arranjado pelo seu pai. Chegando lá apenas com sua filha de nove anos, roupas, seu piano e sem ao menos saber quem seria seu marido, ela vê-se em um mundo completamente diferente.

Para além das questões de direitos humanos do século XIX, o filme mostra algumas relações de amor, no entanto a mais importante é a de Ada com o seu piano. Muito além de um instrumento, ele tinha uma relação com o pai de sua filha, e nele, ela encontrava uma forma de comunicar-se, expressar-se e extravasar seus sentimentos. Em quase todas as cenas em que a protagonista aparece tocando seu piano, fica-nos claro o êxtase da música e a necessidade em tocar-lo, tal como se fosse um vício, chegando ao ponto de até prostituir-se por ele.


Mesmo tendo sido um filme muito importante pra mim, só o assisti duas vezes, aos 10 anos e, hoje, aos 23. Depois de algumas experiências adquiridas, percebi a riqueza de outras cenas, que aos 10 anos causavam-me mais vergonha do que reflexão.

O filme ganhou alguns dos principais premios internacionais:

Oscar: melhor atriz (Ada McGrath) , melhor atriz coadjuvante (Anna Paquine melhor roteiro original.

Cannes: Pomme D’Or e Premio de interpretação feminina para Holly Hunter.

Globo de Ouro: Melhor atriz para Holly Hunter.

Para finalizar esse é um drama que merece ser visto. É um filme envolvente e muito representativo, são várias cenas fortes que constroem-se a partir de alguns dos mais fortes sentimentos humanos: paixão, amor, raiva e dor.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Belém, 396 anos #Sualinda


Sempre achei hipocrisia, mas tá ai uma verdade, a distância nos ensina a dar valor às coisas mais simples. Hoje, Belém, minha cidade do coração, completa 396, não sei em que pé andam as comemorações e de fato não estou nem querendo saber, prefiro, nesse momento, ficar com gostinho de saudades, ao invés de me revoltar contra as trapalhadas do nosso prefeito.

Então fica aqui registrada minha saudade de casa:


Do rio que parece mar de tão grande:



Das tardes chuvosas que diminuem a sensação de mortal de calor e deixam a cidade mais linda:

Do nosso açai sem granola e frutas, mas com muita farinha pra pesar no bucho e dormir a tarde toda:



Do cupuaçu na forma de doce, creme, ou seja la o que for:



Das noites lindas e boêmias que só ela tem:



Confesso que alguns momentos do dia, até esse calor me faz falta:



Belém minha cidade do coração, espero que cuidem bem de ti, pois não demora muito estou de volta.
Parabéns.

As fotos são do  perfil Belém do Pará- Brasil , a 5ª e 7ª são do Google imagens.