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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Coração besta


Um grito preso
um copo vazio
um dedo queimado
sentimento preso

tudo enrolado,
mas preciso falar
gritar,
sei lá.

coração besta,
coração que não tem boca.
mas se engasga 
com as topadas que o pé dá.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A pulga e o cotovelo

Quando eu nasci foi me dado uma pulga.
Não sei ao certo quem me deu,
Mas era uma pulga.
Atrevida como toda pulga,
construiu um sobrado atrás da minha orelha.

Desde muito pequeno qualquer coisa fazia ela se mover
e um incomodo era inevitável.
De tão incomodado que as vezes ficava,
sempre me justificava:
Desculpa, tenho uma pulga atrás da orelha.

Na adolescência, quando as coisas ficam mais inconstante.
Uma vez um sorriso e um abraço sacudiram a pobre da pulga,
ela ficou nervosa, andou de um lado para o outro incessantemente.
Que agonia, senti naquele dia.

E na volta pra casa,
aquela pulga que não cansava.
E de tanto andar e me incomodar
me fez cair.

Um baita de um tombão
De cotovelos no chão.
Um dor que não vou esquecer,
pensei: um sorriso, um abraço
uma pulga atrás da orelha e o resultado :
dor de cotovelo.

Agora tenho dois problemas:
um pulga que nunca saiu de trás da minha orelha
e um cotovelo, que pensou tá curado,
mas hora ou outra lembra que tá machucado.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Preferi cansar mais uma vez


"Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem", Caio Fernando de Abreu.

Não pode desistir. Tem que lutar. Não pode se entregar. Desistência é pra os fracos. Lutar até o fim. Eu sou brasileiro e não desisto nunca. Essa última foi o mote usado para “resgatar a auto estima” do brasileiro em uma campanha publicitária de 2004, lançada pela Associação Brasileira de Anunciantes que inclusive contou com discurso do Lula, que era presidente na altura.

Maldita publicidade.

Prefiro Caio Fernando. Desistir não é sinal de fraqueza, ao contrário requer muita coragem. Desistir é largar de mão o que a gente investiu esforço, mas não resultou em nada. Desistir além de abandonar também pode significar simplesmente mudar de planos.

Há coisas que a gente se esforça, dedica tempo, faz e tenta, tenta e tenta fazer acontecer, mas não acontece. Acho que nada nessa vida depende unicamente da gente, tudo requer um outro e às vezes, simplesmente não acontece. Ai, lutar? Brigar? Demandar mais tempo? Acho que não, né? Melhor é desistir.

O problema é que ao longo de desistências os processos vão se automatizando e desistir vai ficando cada vez mais fácil. Acho que isso é um problema. Penso sempre: de novo. Será que só acontece comigo? Ajuda se souber que acontece com todo mundo, endurecer só é muito ruim. EGOÍSMO!

Sim é egoísmo.

Mas fazer o que? Ser altruísta (com licença da palavra) não tem funcionado, pelo contrário, tem atrapalhado e atrapalhado muito. Não que haja arrependimento, mas acho que deve haver uma pitada de egoísmo.

Esforços... não sei até quando e quanto serão possíveis, mas vou tentando e pra já talvez mais uma desistência, algumas ausências, pouca paciência e muitas demências. 



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A espiral da burrada

Sabe aqueles dias em que você acha que o problema é você? Deixa eu te falar uma cosia: sim é você.  Esse não é um questionamento que surge do nada. Ele normalmente é a ultima tentativa de explicar uma sequência  de quase que intermináveis e recorrentes erros. Mas não se espante! Todo mundo tá na mesma.

Sim. Ta todo mundo na mesma!

E essa é mais uma tentativa de amenizar o nosso problema. É aquele do não distante inicio do texto. Mas enfim, vamos para a tentativa de argumentação que não vai servir de muitas coisa, mas se faz necessária, ao menos pra mim.
Há texto do Guimarães Rosa, que tá no livro “O grande sertão: veredas” que diz o seguinte:

Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. 

Pois é. Nessa fase a gente tá nos dias que tudo embrulha e nada tá certo. Trabalho? Deu ruim!amigos? Não tão dando conta! Família? Aquela confusão de sempre! Projetos? Nem sei direito por onde vão! Vida sentimental? Ahn que isso!

e o resumo da opera é este: Tá tudo errado e de ponta a cabeça. Há cerca de dois meses quando tudo estava pior, sim estava pior, fiz um exercício. Coloquei todos os meus problemas, ou ao menos os que eu julgava serem problemas porque a gente nunca sabe direito onde eles estão, numa folha de papel. Coloquei-os lá aleatoriamente conforme vinham à cabeça e  depois os numerei segundo o grau de importância que eu tava dando naquele momento pra cada. Surpresa. O que mais estava me neurando era o ultimo da lista. Estratégias do subconsciente? Pode ser, mas ajudou e depois uns dias de batalha de batalhas mentais fiquei com nove problemas, porque ele era o décimo.

Eliminei um problema. Que vitória. Agora tenho nove problemas. Continuo com nove problemas. Passaram dois meses. Tenho nove problemas. Ainda tenho nove problemas. Que merda nove malditos problema. Sou um fracasso!

A vida embrulhou de novo sem ter desembrulhado completamente. E acredite esse não é a pior parte. O texto começou com a palavra recorrente e não foi à toa. Erros são recorrentes, alguns mais que outros, alguns demoram a passar, outros demoram a reaparecer, uns somem que a gente nem percebe e alguns a gente já até aceitou, mas o fato, a verdade e o que é definitivo é  eles sempre voltam. 

Se não bastassem nove problemas, acho que ganhei mais um de novo. Dez problemas e o décimo agora é muito mais complexo: a recorrência dos problemas. 

Meu décimo problema foi perceber é que sempre caio nos mesmos problemas, ou seja, o problema tá em mim. Simples assim. Me livrei de um problema e então de repente, do nada e espontaneamente, eu vou atrás do mesmo problema programadamente, conscientemente e planejadamente de acordo com toda a loucura que cabe dentro de mim.

Devia ter avisado no início do texto que seria um desabafo, ou seja, não chegaremos em conclusão nenhuma. Agora avisados, voltemos...

A gente vai, volta, vive a vida e segue os dias, mas parece que nada tem cor, nada tá no lugar certo e como diria Guimarães “tudo tá embrulhado”. Mas o que fazer? Ninguém sabe! Acho que é por isso que a gente recorre aos recorrentes erros, talvez seja uma tentativa de dar fôlego novo pra vida. 

Tenho a impressão que talvez esse seja o lance. Ora, erra não é humano? Talvez esses erros constantes, espódicos e insuportáveis burradas que a gente insiste em recorrer em horas de embrulhamentos de vida sejam o que nos tornam mais humanos. DEUS, que bobagem! Não pode ser isso. Parei, preciso de um analista! Tchau.

Ps. Não ouça a música, pela atenção obrigado!





quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Uma pequena oração

Que Deus mande pra longe de mim toda gente chata
e que junto com ela vá toda língua partida,
todo dedo que aponta,
todo coração duro e
toda mente fechada.

Perto de mim quero que fiquem só as mentes felizes,
livres, de bom humor e bem resolvidas.

Aos chatos deixo meu lamento
e sinceros votos de conversão,
porque ainda espero que haja cura para chatice.


Amém!




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Poema de uma pessoa só

Eu fui passagem e ele caminho
enquanto era brinquedo, ele parque de diversão
eu auto-ajuda, ele ficção.
Eu era o mpb, ele rock n roll.

De sisuda acabei só
sem vontade de tentar,
escrevendo esse poema
para tentar aliviar.

Querendo dizer que sim,
acabo de pensar
que ele ainda é banho de mar,
eu não caibo mais em mim.

Mas coração tem que ser cuidado,
antes ferido que quebrado
Por que paixão com pressa é
é comida requentada.




sábado, 29 de agosto de 2015

E se a gente fosse honesto com os nossos sentimentos?


A vida é arte do encontro. Embora haja tanto desencontro pela vida”, Vinícius de Moraes.

Não seria tudo mais fácil se a gente tivesse coragem de dizer eu te amo, to apaixonado, te odeio, és meu melhor amigo, queria estar com você, preciso ouvir tua voz, some da minha vida, preciso de espaço, eu não gostei da sua atitude, vamos conversar? frases simples, mas todo mundo entende a dificuldade delas.

Como diz o poetinha, nossa vida é baseada em encontrar pessoas e desencontrá-las. Desde que a gente nasce, vai para escola, depois tem a faculdade, o trabalho e por toda a vida seguimos encontrando pessoas. É isso que nos deixa ter vida. Algumas vezes a gente gosta, outras odiamos, de vez em quando é uma colega de escola, por vezes amamos, nos apaixonamos e por ai vai. São sentimentos, sentimentos e mais sentimentos e tudo envolve pessoas, mas quantas vezes nos permitimos falar “ ei coisinha te amo”?

Parece sinal de fraqueza, né!?

Se é para dizer que não gostou de alguma coisa caímos no prepotente “não queremos magoar ninguém”, mas nos esquecemos de nós. Isso é o estopim de uma bola de neve que só tende a aumentar com sentimentos ruins que vão crescendo dentro do peito e qualquer faísca faz ela rolar barranco a baixo levando tudo e todo mundo. Quando é ao contrário, queremos expressar coisas genuinamente boas, vem a maldita vergonha de parecer bobo. E é ai a vida passa e perdemos a oportunidade de fazer uma pessoa feliz e de ficar feliz.

Nos últimos anos algumas perdas me atentaram para isso. Por que não conseguimos nos expressar?

Não sei de quem é a frase, mas uma vez li que “coração mole, vida dura. Tanto sofre, até que muda”. E o que me chama atenção nisso é que o que deixa a vida dura é a falta de honestidade com os nossos sentimento e nossa incapacidade de expressá-los.

Porra, que vida escrota essa essa que não se pode dizer eu te amo sem ser auto-julgado como bobo? Sim auto-julgado porque são sentimentos que nunca saíram e morrem na ponta da língua. Por que raios que eu não posso dizer que não gostei de alguma coisa que alguém fez sem pré julgar que vou ferir o frágil coração de alguém?

As vezes não. Nem sempre vamos magoar e muitas vezes não vamos ser o amor da vida de alguém... Mas tenho a impressão de que isso não deve ficar guardado, não pode ser enterrado no peito, aliais, coração não deve ser cemitério de sentimento!

Uma hora as pessoas vão embora! Seja pra outra cidade, seja pelo distanciamento da vida, ou até mesmo pela morte. Não sei vocês, mas acho que não estou mais disposto a guardar. Quero seguir meus dias com a leveza e a certeza de que sorri para as pessoas certas, que pude dar abraços apertados, que amei, de que me irritei e que disse isso para pessoas que cruzaram meu caminho e me ajudaram de alguma forma a construir minha história.

Certo de que muitos desencontros virão, não quero mais sobre mim o peso do “Por que tu não falaste?”


E acho que é assim que tenho descoberto o que me da paz!

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

As coisas que acontecem comigo nem sempre cheiram bem.

Era sábado de manhã. Pro tanto que eu estava cansado, dez horas pareciam cinco e meia da manhã de um domingo chuvoso de férias, mas mesmo assim, sabe Deus de onde tirei forças e fui pra academia. Chegando lá fui com a personal pra trocar minha série.

Puxa ferro, bebe água, levanta ferro, faz pose comprometedora levantando pesos, enfim tudo normal. Faltando uns dois aparelhos, a personal chega pra mim e diz:

- Tive um contratempo terei que sair, mas esse professor lhe acompanhará

- Sem problemas. Respondi.

Levanta o ombro, dobra os joelhos e puxa... Olha a postura.

- Pronto, acabei. Disse.

- Vem cá, agora é uma série de abdominal canivete.

O acompanhei. Ele pegou a esteira, tirou as coisa do bolso e deitou.

- Vais fazer assim. UM, DOIS... (No terceiro, ao invés do numero três) PUM (onomatopeia usada para reproduzir em forma de palavra escrita um som daquele peido que sai com a pretensão de ser silencioso mas não é)

Ele se aproveitou pq eu estava de fones de ouvido e com esse pretexto a situação acabou ali. Eu fazendo cara de que não ouvi e nem senti nada, ele com cara de constrangimento velado e a senhora lá atrás com cara de que fedeu misturada com cara de segurando muito o riso.