Quando eu nasci foi me dado uma pulga.
Não sei ao certo quem me deu,
Mas era uma pulga.
Atrevida como toda pulga,
construiu um sobrado atrás da minha
orelha.
Desde muito pequeno qualquer coisa
fazia ela se mover
e um incomodo era inevitável.
De tão incomodado que as vezes ficava,
sempre me justificava:
Desculpa, tenho uma pulga atrás da
orelha.
Na adolescência, quando as coisas
ficam mais inconstante.
Uma vez um sorriso e um abraço
sacudiram a pobre da pulga,
ela ficou nervosa, andou de um lado
para o outro incessantemente.
Que agonia, senti naquele dia.
E na volta pra casa,
aquela pulga que não cansava.
E de tanto andar e me incomodar
me fez cair.
Um baita de um tombão
De cotovelos no chão.
Um dor que não vou esquecer,
pensei: um sorriso, um abraço
uma pulga atrás da orelha e o resultado
:
dor de cotovelo.
Agora tenho dois problemas:
um pulga que nunca saiu de trás da
minha orelha
e um cotovelo, que pensou tá curado,
mas hora ou outra lembra que tá
machucado.