Escovar os dentes no final
do dia pode ser uma hora muito ingrata. Ao meio dos movimentos
circulares, entre molares, caninos e sisos um ponto prateado surge no
meio da cabeça, aproximo pra tirar a possível sujeira e eis que
aquele pequeno invasor prateado era mais que uma intruso. Tratava-se
de um marco. Sim, um marco de que já lá vão quase três décadas
de existência. A principio pensei “mais um”, mas conforme os
dentes ia escovando o prateado ganhava mais relevância e junto a ele
fui percebendo marcas no rosto, olheiras e vincos.
Mas como assim, quando
vocês chegaram ai? Um susto e a cara, agora com barba e bigode,
aparenta mais ser um estranho do que eu mesmo.
Meu Deus quando foi a
última vez que me olhei?
Meu Deus quanto tempo
passou?
Olha ali ainda tem aquela
marca de catapora. Quantos anos eu tinha?
Acho que uns oito! Foi
legal, apesar de coçar um monte, faltei vários dias de aula e
depois que fiquei bom ainda era feriado de semana santa, eu assisti
todos os desenhos que queria.
Ah! mas se olhar bem ali
em cima do lábio e embaixo do nariz ainda tem aquela cicatriz de
quando quebrei meu braço. Verdade, são poucas as pessoas que ao
quebrarem o braço aos seis anos e também ganham cicatrizes na boca.
É cada marquinha dessas
parece ter uma história!
Será que dá pra voltar?
O que eu faria de diferente? Será que eu faria algo diferente? Acho
que todo mundo pergunta isso!
Um dia desses li que um
astronauta havia sido o primeiro homem a viajar no tempo. Por uma
questão de velocidade em relação a órbita da terra ele havia
adiantado alguns instantes da sua idade. Estranho né?
Enquanto os cientistas se
esforçam para que a teoria possa se tornar prática e o homem poder
brincar no tempo, hoje meu espelho me levou ao passado e me contou
várias histórias. Então do pequeno susto, pra não dizer uma quase
neurose de que “MEU DEUS ESTOU FICANDO VELHO” ao olha tenho
muitas histórias pra contar, só testifico que estou ficando velho.